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A província de Nampula é tradicionalmente conhecida como a terra das “muthiana orera” ou, simplesmente, meninas bonitas. As mulheres daquela região do país possuem uma técnica que lhes é peculiar de tratar da pele, desde tenra idade, com recurso a uma espécie florestal bastante procurada, denominada mussiro, uma planta planta cujo nome científico é Olax dissitiflora, da família das Olocaceae, que consta da lista das que devem ser preservadas e multiplicadas e que, regra geral, são usadas pelas comunidades para cura de diversas enfermidades, bem como para fins decorativos.
As mulheres Macuas produzem uma máscara conhecida por Mussiro ou N’siro, elas moem partes do arbusto em uma pedra e acrescentam água. As mulheres começaram a usá-lo na passagem da adolescência para a juventude e também a planta é usada para cura de diversas doenças.
As jovens entre os 15 e os 18 anos, quando entram na chamada “segunda menstruação” (adolescência), são preparadas para a vida futura, como o casamento, pelas mulheres da família mais velhas, conhecidas como conselheiras (Anakamo). Neste período de ensinamentos, a jovem tem de manter o corpo pintado com m’siro durante o dia, lavando-se à noite para o remover, e só é autorizada a conviver com crianças entre os 7 e os 14 anos, sendo-lhe vedado o relacionamento com os adultos. O objetivo deste rigoroso cumprimento visa salvaguardar a virgindade da jovem até ao dia do casamento e simultaneamente manter o seu corpo limpo, aveludado e sem borbulhas. Já na parte final deste período decorre também o ritual para a iniciação sexual, uma cerimônia designada por Ossinkiya, e que tem como propósito explicar os segredos de sedução, onde o m’siro surge como argumento erótico e perfumado: o ato do coito, usando para isso instrumentos fálicos e alguma teatralização, e como tratar e lidar com o marido.

FonteMMO

A dança Nhambaro é executada, maioritariamente, por mulheres que ao ritmo que ecoa dos batuques vão mexendo os seus corpos compassando com o som. A inspiração, imaginação e criatividade no momento da execução dos passos é muito importante para as executantes.
Praticada na baixa Zambézia, que compreende a cidade de Quelimane, Nicoadala, Namacurra e Inhassunge, a dança Nhambaro tem créditos firmados e já participa em quase todos os festivais nacionais de cultura.


Não é possível falar da tradição africana sem falar de música e dança. O Tufo é uma dança tradicionalmente realizada apenas pelas mulheres acompanhadas por tambores. As dançarinas vestem roupas coloridas e muitas vezes aplicam uma máscara de Musiro e enrolam capulana pelo corpo, tornando esta dança diferente de qualquer outra em Moçambique. Era originalmente realizada em celebrações islâmicas por parte da população muçulmana, hoje a dança Tufo é realizada fora deste contexto também.

Embora o Tufo tenha origens Arabes, actualmente ela esta mais incorporada no litoral oriental de Moçambique, maioritariamente na província Nampula e Cabo Delgado. Esta manifestação cultural vai se candidatar a património cultural imaterial da humanidade mas pouco se sabe sobre a mesma.

Mulheres reúnem-se para dançar Tufo trajando capulanas e blusas com cores vivas. Os seus rostos estão cobertos por mussiro, uma espécie de creme facial usado pelas mulheres Macuas. Com um lenço enrolado na cabeça, e para dar o toque final no visual, elas abusam das joias, colares e pulseiras.



ORIGEM:

O povo macua é descendente de um grande grupo Bantu, originário da região Centro-Africana (grande lagos), ou seja das grandes Florestas congolesas, que se migraram para  a região  Austral a procura de terras que fossem propícia para a agricultura.

SITUAÇÃO GEOGRÁFICA:

Actualmente, o povo macua vive numa área do Norte de Moçambique, com cerca de 300 000Km2, que abrange parte das províncias de Cabo Delgado, Niassa, Nampula e Zambézia, é delimitado, a norte, pelo rio Rovuma; a leste, pelo oceano Índico; a sul, pelo rio licungo, nas proximidades do rio Zambéze e a oeste, pelo rio Lugenda.

Também se encontram macuas, embora em número mais reduzido que em Moçambique, na Tanzânia e no Malawi devido às migrações do século XIX. Igualmente se encontram grupos de macuas em Madagascar, ilhas Seychelles e Mauríicas, devido ao comércio de escavos durante os séculos XVIII-XIX.


ORGANIZAÇÃO SOCIAL:

Como base da estrutura social e política dos macuas está o “nihimo” tribo. Eles sustentam a explicação como sendo legítima a descedência da proveniência feminina, isto é, matrilinear. “Na filiação matrilinear, a família pode ser um conjunto de indivíduos de vários segmentos de linhagem consanguíneos pertencentes a uma mulher, antepassada conhecida, a cabeça da linhagem como referência comum de lado materno. Outros indivíduos doutras linhagens, também podem fazer parte deste coletivo ou pelo casamento, ou desde que haja concordância entre todas as partes.”

Os filhos pertencem a linhagem da mãe e são subordinados ao “mwene”   do nihimo, que é o irmão mais velho da mãe. È uma sociedade uxorilocal, isto é, o homem tende se deslocar ao nihimo da sua esposa. 


Ao nascer, o bebê Macua não se encontra ainda plenamente integrado na sociedade. Seu verdadeiro nascimento social acontece após fazer parte dos ritos de iniciação. Crianças não iniciadas são de fato consideradas pessoas incompletas, um pouco “animaizinhos”, tanto que, no caso de morte de um não-iniciado os ritos fúnebres serão reduzidos (um pouco como acontecia no passado com as crianças não batizadas).

Ambos os sexos, masculino e feminino, devem participar nos ritos de iniciação, que podemos considerar como verdadeiros nascimentos sociais, e é somente após esta iniciação que poderão participar dos momentos importantes da vida coletiva, tais como cerimônias, funerais e reuniões da aldeia. As marcas deixadas no corpo do iniciado durante o ritual (circuncisão, tatuagens, corte no clitóris) serão os sinais, sinais físicos de transformação na personalidade e no status do indivíduo.